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Jornal da Cidade
Foi dada a largada para o 1.º Natal Reciclável Solidário. A ideia, que surgiu através de Gisele Moretti, administradora da Cooperativa Ecologicamente Correta de Materiais Recicláveis (Coopeco) de Bauru, recebeu apoio da prefeitura e vai envolver praticamente todas as secretarias do município.
Inédita, a ação visa coletar garrafas pets e latinhas para ajudar os membros das três cooperativas da cidade a terem uma renda extra para as festas de final de ano. Além da Coopeco, o município tem ainda a Cooperbal e a Cootramat e cerca de 100 famílias tiram delas seu sustento.
O prefeito Rodrigo Agostinho e os titulares das secretarias do Meio Ambiente, Bem-Estar Social, Cultura e Obras, além de outras autarquias e entidades, estiveram na última terça-feira (10), no espaço Café com Política do Jornal da Cidade, para fazer o lançamento do “projeto-piloto”, como chamou o prefeito, que terá também o apoio do JC e da rádio 96 FM.
Cidadania
Rodrigo Agostinho lembrou ainda que ações como essa, em tempos de crise, devem ser apoiadas. Segundo o prefeito, a ideia “é que, até o final de 2016, a cidade tenha 100% de coleta seletiva, mas, neste ano, com 85% da cidade já coberta pelo serviço, o que se quer é intensificar a práica e deixar claro para os moradores que as latinhas e garrafas pets devem ser adequadamente separadas porque o retorno para quem trabalha nas cooperativas é garantido. “Fazer reciclagem demanda esforço, mas funciona. Ações como essa são a garantia da cidadania”, disse.
Gerson Alves, presidente da Associação dos Transportadores de Entulhos e Agregados (Asten) de Bauru, também apoia a iniciativa. Hoje, os transportadores de entulhos fazem toda a seleção dos materiais depositados pela população nas caçambas. Os moradores, contudo, muitas vezes misturam entulhos de construção até com lixo orgânico.
“Infelizmente, ainda há muita irresponsabilidade no descarte do lixo”, lembrou a secretária do Meio Ambiente, Lázzara Gazetta. A Semma ficará responsável por centralizar toda a campanha ao lado da Coopeco.
Dias decisivos
Os dias 7 e 8 de dezembro serão marcados pelo final da campanha e são considerados decisivos. A partir daí, a coleta especial será finalizada e os cooperados irão fazer a venda, sendo que o dinheiro será rateado. “Espera-se que cada um deles tenha pelo menos R$ 700,00 a mais no orçamento, um verdadeiro décimo terceiro. Isso fará uma diferença grande”, diz Gisele Moretti, lembrando que, ultimamente, a renda dos cooperados tem caído. “É fruto da crise. A população consumindo menos, descarta menos”.
Poder de compra
Nico Mondelli, presidente da Emdurb, fez questão de enfatizar que essas ações desafogam inclusive o aterro sanitário. “O ganho ambiental é imenso”, frisa. Darlene Tendolo, titular da Secretaria do Bem-Estar Social (Sebes), no entanto, lembra de um outro ganho: o social. “Claro que fazemos ações dando cestas e outros bens para o cooperado, mas dar o poder de compra para eles é a melhor ação”.
Renato Zaiden, diretor do Grupo Cidade, lembrou que todo mundo pode e deve ajudar. “Costumo dizer que Bauru não tem neve, não tem praia, mas tem solidariedade de monte. A cidade tem uma vontade de ajudar imensa”.
Várias universidades aderiram também ao projeto-piloto. Entre elas, a Anhanguera, que vai transformar a coleta dos alunos em bonificação e hora-estágio, e a USC, que já atua junto às cooperativas, com aulas e cursos para melhorar a logística da seleção dos materiais.
Serviço
Escolas, entidades e pessoas que quiserem ajudar devem entrar em contato com Gisele Moretti pelo (14) 3231-1230 ou email baurucoopeco@gmail.com. Outra opção ainda é entrar em contato com a Semma pelo (14) 3239-2766 ou meioambiente@bauru.sp.gov.br.
Benefício mútuo
Para atestar que o benefício é mútuo, estava presente Josiane Targa, coordenadora da área de responsabilidade social e ambiental dos Correios. No ano passado, os Correios disponibilizaram para a Coopeco um ano de “arquivo morto”.
O resultado: 30 toneladas de recicláveis que, vendidos, renderam R$ 10 mil para a cooperativa. “Agora, teremos dois anos de arquivo para mexer. Vou precisar de mais dez pessoas ajudando. Desde já, os voluntários que se habilitem e queremos chegar a 60 toneladas”, disse Gisele Moretti. Ela aponta, no entanto, que o valor a ser recebido no final deve ser menor. “Infelizmente com a crise, os compradores estão oferecendo menos pelas mercadorias”.
Já Josiane Targa lembrou ainda que foi só começando o trabalho é que a empresa teve a noção do quanto podia ajudar. “E esses arquivos mortos são um problema para muitos órgãos, bancos, delegacias. Não podemos e nem devemos ficar com isso parado. A gente não tinha ideia do quanto era importante para a cooperativa e, para nós, é um benefício. Estamos nos livrando de entulhos e não tínhamos ideia de que estávamos transformando a vida das pessoas”.
Que o diga a moradora do Ferradura Mirim Benedita Moreira, a Dona Benê. Cooperada, ela sustenta quatro netos. “Graças ao trabalho na cooperativa. Para mim, é algo muito bom, mudou minha vida. A gente tem mais dignidade”.
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