Bauru emite 50 mil CTRs em um ano - número é considerado excelente, mas cidade ainda têm cerca de 20 áreas irregulares de descarte
Até o último dia 6 de dezembro Bauru emitiu
50 mil CTRs (Controle de Transporte de Resíduos). O número foi registrado pelo sistema digital
que controla a gestão de resíduos, administrado pela SEMMA ( Secretaria
Municipal do Meio Ambiente de Bauru), desde dezembro do ano passado. A empresa NR CAÇAMBAS, fez o descarte de número 50 mil,
na ATT (Área de Transbordo e Triagem) da ASTEN.
A informação foi divulgada pela ASTEN (Associação
dos Transportadores de Entulhos e Resíduos da Construção Civil), durante
coletiva com a imprensa, realizada hoje, na Galeria 21 Center.
Segundo, o presidente da associação, Gerson
Alves Pinheiro, o número é um indicador de que a cidade
evoluiu na gestão do RCC (Resíduos da Construção Civil). Porém, apesar de considerar o número excelente e garantir que isso significa
que cerca de 99% do RCC produzidos em Bauru têm destinação correta, ele aponta
que ainda existe descartes irregulares
na cidade .
Para coibir
o problema, a ASTEN está encaminhando denúncia para diversas autoridades, inclusive o Ministério Público,
no qual aponta cerca de 20 áreas que
estão tomadas por descartes irregulares. No documento a ASTEN
pede que aos referidos órgãos tomem as providencias cabíveis a respeito do
problema.
Apesar dessas áreas significam apenas 1% do
total de RCC produzido na cidade, o descarte irregular representa um sério
problema ambiental, principalmente porque alguns desses descartes estão sendo
feito em áreas ambientais.
Na denúncia a ASTEN pede a Polícia Ambiental, SEMMA (Secretaria do Meio
Ambiente), Cetesb (Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental) e a Promotoria de Defesa do Meio Ambiente, que
aplique as penalidades nos proprietário das áreas conforme determina a
legislação.
No documento elaborado pela ASTEN são
apontadas as áreas que foram fotografadas e mapeadas pela associação. Esses
descartes irregulares, ou "bota-foras" como são mais conhecidos,
estão espalhados pelo entorno da cidade, em bairros da periferia, em áreas de
voçorocas. A maioria das áreas é de propriedade particular. Os proprietários
dessas áreas podem ser multados e pagar multas de até R$ 20 mil, além de submeter
os proprietários a processos cíveis e criminais.
Segundo Pinheiro, é dever da associação
contribuir com a sustentabilidade e a preservação ambiental da cidade, por isso
a entidade fez o levantamento e decidiu entregá-lo as autoridades de Bauru.
"Essas 20 áreas de bota-fora, uma vez
identificadas, devem ser autuadas e recuperadas ambientalmente.Todo o material
ilegal deve ser retirado do local. A administração pública não pode
deixar de combater quem se opõe a legislação de proteção ambiental",
disse o presidente da associação.
Crime ambiental
Segundo o assessor jurídico da ASTEN o advogado Kláudio
Cóffani, é muito difícil identificar e punir o gerador e o transportador que
praticaram estes crimes de descartar em bota-foras, mas isto não impede o
combate a essa prática e nem a punição daqueles
que permitem que suas propriedades sejam utilizadas como áreas ilegais de
destinação de RCC.
"Combatendo essas áreas, com certeza, ficará
mais difícil para maus geradores e maus transportadores continuarem agindo
ilegalmente.Confiamos que as autoridades competentes, documentarão todas essas
áreas e promoverão as medidas que são de sua obrigação legal promover,
combatendo essa pirataria ambiental”, disse ele.
Conforme o advogado, a exigência do CTR resolveu
um dos maiores problemas ambientais da cidade e essa solução tem sido
compartilhada entre geradores, transportadores e o poder público.
"Atualmente o CTR é um documento importante, não só para
comprovar a destinação dos resíduos, mas também para execução de obras na
cidade. Sem a apresentação do CTR, por exemplo, a prefeitura não libera o
Habite-se da obra", afirmou o advogado.
Para o assessor jurídico a
implementação do sistema de CTR digital foi uma marco que diferenciou
Bauru em relação a quase totalidade dos municípios do Brasil, pois aqui, todos
esses resíduos devem ser identificados e monitorados, da obra até sua
destinação final.
"Sob a orientação do prefeito Rodrigo
Agostinho, a SEMMA desenvolveu um trabalho primoroso, dialogando com o setor e
com as demais partes interessadas. A mudança cultural ocorrerá cada vez mais
rapidamente, sendo preciso apoiar quem age corretamente e coibir que age
incorretamente”, concluiu o advogado da associação.
O
que é o CTR
O CTR é um documento que passou a ser exigido
em dezembro do ano passado, em decorrência do Decreto Municipal 11.689/11, que
regulamentou diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão de RCC da
cidade. O decreto estabelece penalidades para quem não cumpre a legislação. As multas podem ser até R$ 5mil
O CTR é exigido dos donos de obras (geradores),
transportadores e áreas de destinação. Todas as vezes que um dono de obra
(gerador) contrata uma caçamba para transportar o RCC, um CTR é
emitido pelo transportador de resíduos.
Esse documento digital comprova, para a SEMMA, quem
é o gerador, quem é o transportador, quando e onde o resíduo foi gerado e para
onde ele foi transportado, para receber o descarte, segregação e destinação
ambientalmente correta.
Com o CTR a SEMMA consegue monitorar a gestão
destes resíduos na cidade e reprimir os bota-foras, que são os descartes
ilegais, nocivos ao meio ambiente e a
sociedade.
Quem não consegue comprovar a destinação correta de
seus resíduos da construção civil, submete-se a várias sanções, incluindo a não
obtenção do “habite-se”, para ocupar o imóvel legalmente. O decreto
estabelece penalidades para quem não cumpre a legislação.
Bom exemplo
Com a emissão do CTR e a regularização do setor, o RCC produzido pela
cidade passou a ser destinado corretamente e omente para duas áreas - a área da
Cava, no Chapadão, administrada pela ASTEN e a da Usina Valverde Rays,
permitindo assim a reutilização dessas resíduos.
"Fazemos a segregação (separação) e destinamos esses materiais para
serem reutilizados. Fazendo isso estamos preservando o meio ambiente e a sustentabilidade
", disse Pinheiro.
Segundo Pinheiro, um bom exemplo de destinação
correta de resíduos é a recuperação da voçoroca da Água Comprida, no Jardim
Marambá, feito em parceria entre a ASTEN, a empresa Urupês e a Prefeitura .
No local havia uma grande erosão que foi recuperada
com RCC. Atualmente, na antiga voçoroca esta sendo construída quadras
poliesportivas e um espaço de lazer para a população, que deverá ser entregue
ainda este ano.
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