Matéria publicada no Jornal da Cidade de Bauru
Lígia Lígabue
O equivalente a vinte casas populares demolidas diariamente. De acordo com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma), todos os dias são recolhidos mil toneladas de entulho em Bauru. Esse volume corresponderia a duas dezenas de residências do tamanho das erguidas no programa Minha Casa, Minha Vida. Como não há destinação final adequada para esse montante, os restos da construção civil são despejados em uma erosão no bairro Pousada da Esperança.
Lígia Lígabue
O equivalente a vinte casas populares demolidas diariamente. De acordo com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma), todos os dias são recolhidos mil toneladas de entulho em Bauru. Esse volume corresponderia a duas dezenas de residências do tamanho das erguidas no programa Minha Casa, Minha Vida. Como não há destinação final adequada para esse montante, os restos da construção civil são despejados em uma erosão no bairro Pousada da Esperança.
A prefeitura estuda abrir ecopontos para combater o despejo em locais irregulares e a Associação dos Transportadores de Entulho e Agregados de Bauru (Asten) planeja investir em usina para reciclar os resíduos.
Para o secretário municipal do Meio Ambiente, Valcirlei Gonçalves da Silva, o levantamento realizado pela Semma é uma estimativa e atualiza os dados utilizados desde o ano passado, que calculavam a produção de entulho na cidade em 750 toneladas por dia. “O mercado imobiliário em Bauru cresceu de forma intensa. São muitos prédios novos em construção, muito imóvel que foi demolido e muita gente reformando. Isso fez a produção do entulho aumentar”, observa.
De acordo com o assessor jurídico ambiental da Asten, Klaudio Cóffani Nunes, uma casa popular se for demolida resulta em 50 toneladas de entulho. Como em Bauru são recolhidas cerca de mil toneladas diárias, chega-se ao resultado de que são colocadas ao chão na cidade 20 residências desse porte diariamente. Ou seja, a cada dois dias, é como se um Residencial São João do Ipiranga, construído nesse ano para 38 famílias pelo programa Minha Casa, Minha Vida, fosse demolido.
Todo resto de construção civil e demolições produzidos em Bauru é direcionado para bolsões. Atualmente, o único em funcionamento é na Vila Pousada da Esperança. Lá, as mil toneladas diárias de entulho são despejadas em uma erosão existente na altura da quadra 1 da rua Reginaldo Anderson Rosão.
No entanto, ele admite que essa não é a melhor solução. “O ideal seria destinar esse volume para uma usina de reciclagem de entulho. Atualmente, temos duas propostas sendo avaliadas pela iniciativa privada para instalar esse tipo de usina na cidade”, revela. O secretário também adianta que a própria prefeitura estuda construir uma. “Mas este plano está menos avançado que as outras. Investimentos na Saúde e Educação consome muito mais do orçamento”, observa Valcirlei.
O presidente da Asten, Antônio Aversa Neto, informa que nos cálculos da associação, a cidade produz cerca de 800 toneladas diárias de entulho. Ele avalia que a principal dificuldade encontrada pelos empresários do setor é justamente a falta de locais apropriados para destinar o entulho.
Para o secretário municipal do Meio Ambiente, a quantidade de entulho despejada irregularmente em terrenos da cidade e os despejos consumidos pelo Departamento de Água e Esgoto (DAE) para estabilização de solo em suas intervenções pode explicar a diferença entre os dados da Semma e da Asten. “Mas os números são uma estimativa”, pondera.
Usina
Aversa Neto informa que a implantação de uma usina de reciclagem de entulho está nos planos da Asten. “A intenção é produzir matéria prima para uma grande variedade de aplicações”, observa. Com o composto resultante da reciclagem é possível fabricar blocos, guias e sarjetas, pedras sextavadas para pavimentar ruas e tubulações. “Esses tubos chegam a ser até 30% mais baratos”, calcula.
Ele pondera que a destinação atual não é a mais adequada. “Colaboramos com a prefeitura para estancar uma erosão, para não agravar o problema”, ressalva. Porém, não deixou de evidenciar que falta uma solução mais adequada. “Ao final, estamos jogando dinheiro em um buraco”, pondera.
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Conscientização
Outro ponto levantado por Valcirlei é o desperdício. “Surpreende chegarmos a mil toneladas diárias. Deveria haver um olhar mais atencioso com aquilo que é jogado nas caçambas. Tem muita coisa boa jogada fora”, observa. Essa também é a opinião de Antônio Aversa Neto, presidente da Asten. A associação, que agrega 30 empresário do ramo em Bauru, calcula que 99% do que é colocado nas caçambas poderia ser reciclado ou reutilizado.
De acordo com Antônio, há uma cultura de desperdício na cidade. “A conscientização deveria ser feita já nas escolas. E o poder público poderia ampliar a divulgação daquilo que pode ser reciclado. Mas, muita gente acaba jogando as coisas fora até por comodidade”, aponta.
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